quarta-feira

A origem das espécies - Conclusão

É difícil encontrar um texto mais importante que este:


"É extraordinário contemplar uma encosta luxuriante, revestida por muitas plantas de diversos tipos, com aves a cantar nos arbustos, com vários insectos a rodopiar pelo ar e com vermes a rastejar pela terra húmida, e pensar que todas estas formas tão elaboradamente construídas e diferentes entre si, dependendo umas das outras de forma tão complexa, têm sido produzidas por leis que actuam em nosso redor. Estas leis, no seu sentido mais lato, consistem no Crescimento com Reprodução, na Herança, que está implícita na Reprodução, na Variabilidade, resultante da acção indirecta e directa das condições externas de vida e do uso e desuso, na Taxa de Incremento, tão elevada a ponto de conduzir à Luta pela Sobrevivência e, por consequência, à Selecção Natural que impõe a Divergência de Caracteres e a Extinção das formas menos aperfeiçoadas.

O resultado directo da natureza, que se traduz pela fome e pela morte, é pois o facto mais sublime que podemos conceber, ou seja, a produção dos animais superiores. Há grandiosidade nesta visão da vida, com os seus diversos poderes originalmente concentrados num pequeno conjunto de formas ou mesmo numa única forma.

Enquanto este planeta continuava a girar de acordo com as leis fixas da gravidade, uma quantidade infinita de formas tão belas e admiráveis, emergidas de um começo tão simples, evoluía e continua, ainda hoje, a evoluir."



Charles Darwin (1809-1882) in "A origem das Espécies"

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