terça-feira

A história do Touro Sentado e da Nuvem Azul

Os índios norte-americanos eram povos de grande espiritualidade e embora se clivassem em muitas etnias, tribos, clãs, e antagonismos guerreiros, todas partilhavam a mesma perspectiva do seu mundo e a finalidade derradeira da vida: sentiam-se unidos à natureza, achavam-se parte de um todo, de modo que, para eles, tudo se revestia de um carácter sagrado, quer fosse o vento ou Manitú, quer fossem as serenas montanhas ou a terra mãe, quer fossem as florestas e os seus animais.

Em simbiose com a primavera da vida, e a sua sabedoria infinita, compreendiam que todas as coisas, mesmo as acções mais simples, encarnavam um espírito sagrado, assim, ouvimos no cinema nomes como " Chefe Dez Ursos" ou "Dança com Lobos" que revelam que até a subtileza mais vaporosa de um gesto, tinha um sentido espiritual aos seus olhos.
Bom, mas fiquemo-nos por esta história plena de sabedoria...

Os antigos sioux contavam esta bela história de amor, qual Romeu e Julieta das pradarias mas, na minha humilde opinião, apesar de ausência de floreados linguísticos é bem mais bela!

Touro Bravo era um jovem caçador, ágil e corajoso, e Nuvem Azul, era a rapariga mais formosa da sua tribo. Ambos estavam apaixonados um pelo outro e desejavam, ardentemente, casar-se. Assim, como prova do seu amor, e fidelidade resolveram nunca se separar e viverem juntos para a eternidade. Com receio que algo mal acontece a um deles, foram falar com o ancião mais digno e pediram-lhe conselho:
- Ajuda-nos a conseguir um talismã que nos mantenha sempre juntos!
Assim o homem sagrado, dirigindo-se á mulher disse-lhe: sobe, sozinha, à montanha do norte e apanha, vivo, com a ajuda desta rede, o melhor falcão que aí rasga os céus. Touro Bravo, sobe à montanha do sul, sozinho, com a mesma rede, caça, viva, a águia mais vigorosa que reina em todo o território. Os dois jovens cumpriram com a sua missão, empenhados, regressaram exaustos, com as suas presas e colocaram-nas diante do ancião.
- Agora, atai as patas deles com este cordão de couro e deixai-os voar livremente.
Assim fizeram, mas os animais, quando se viram atados, não conseguiam voar e, fartos de se estrovarem, começaram a ferir-se um ao outro e acabando por se matar mútamente.
- Este ensinamento será o vosso talismã - disse o ancião. Se vos atardes, mesmo pelo mais verdadeiro amor, acabareis por fazer mal um ao outro. Voai juntos, mas nunca atados!

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