terça-feira

A tristeza do Maia

A civilização maia ocupou o sudeste do actual México, o Lucatão e Guatemala.
Para os maias a criação do mundo, emana seres místicos narrados no Popol Vuh. O Grande Pai e a Grande Mãe criaram os homens para serem adorados por todas as criaturas.
Á semelhança de outras antigas culturas americanas, existe uma profunda comunhão entre o Homem e a natureza. Estampa rara no industrializado ocidente!

Esta história trata da fragilidade do Homem e do sua mais paradoxal imperfeição: a insaciabilidade.

No início dos tempos, um homem maia vivia na floresta.
Por ser frágil, a sua vida era dominada pelo medo e pela angústia, então, comovidos pela sua debilidade, face aos perigos da floresta, todos os animais foram vê-lo:
- Pede-nos o que quiseres - disseram-lhe.
- Quero ser feliz - respondeu o maia - e libertar-me do medo que me consome.
- A felicidade é algo que não podemos dar-te - disseram os animais - pede-nos outra coisa.
- Então, desejo ter a vista excelente do abutre, possuir o vigor e a força do jaguar, correr sem fadiga ou quebranto como voa o veado pelas sombras de verde, compreender as chuvas como o rouxinol, ser astúto como a sagaz raposa, trepar com a agilidade de um esquilo e conhecer todas as plantas curativas como a serpente que se esconde entre elas.
Um a um, todos os animais lhe foram oferecendo o dom que pedia: o abutre deu-lhe a visão; o jaguar o seu espírito; o veado as suas lestas patas; o rouxinol prometeu avisar com o seu melhor canto, quando iriam chegar as chuvas; a raposa ensinou-lhe o seu engenho; o esquilo o seu salto e a serpente ofereceu-lhe toda a sua sabedoria.
O maia recolheu tudo e foi-se embora.
Vendo-o afastar-se cabisbaixo, a coruja disse:
- O Homem tem tudo, sabe tudo, pode tudo, mas não tem a felicidade. Vi um abismo nos olhos do homem, pobre animal!

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