segunda-feira

Urashima, O castigo da curiosidade

Os japoneses ainda contam esta história aos seus filhos para evitar que sejam demasiado curiosos. Mas esta história tem muita moral.


Numa ilha do Japão vivia um pobre pescador chamado Urashima Taro, que apesar de ter uma vida muito humilde era bondoso e de bom coração. O seu lugar perferido era no mar longe da costa e de todas as pessoas. Numa certa ocasião, enquanto prendia o seu barco no porto, viu um grupo de crianças que martirizavam, na praia, uma tartaruga marinha que tinha ficado presa numa rede de pesca. Comovido com o sofrimento do animal, ralhou com as crianças e levou a tartaruga de volta para o oceano, onde a libertou.

- Sou filha do rei dos mares - disse a tartaruga para surpresa de Urashima - e quero agradecer-te, por isso convido-te a vires comigo até ao reino das profundezas, onde poderás viver, para sempre, como um rei.

Urashima estava cansado daquela vida de pobreza e servidão aos ricos do seu mundo, por isso não hesitou, subiu para a carapaça da tartaruga que, rapidamente, chegou a uma extraordinária cidade no abismo do oceano, cheia de tesouros e riquezas. Aí a tartaruga transformou-se na mulher que ele sempre sonhára. Passou ali algum tempo e, embora fosse tivesse a viver um sonho, o pescador começou a sentir saudades de casa, saudades da sua cidade e pediu para regressar. A filha dos mares não o prendeu, antes entregou-lhe uma estranha arca e recomendou-lhe que jamais deveria abri-la.

- Se me desejas voltar a ver em caso algum deves saber o conteúdo desta arca, pois perder-me-às para sempre - disse a tartaruga quando o depositou na praia onde se tinham encontrado. Urashima dirigiu-se, a pé, em direcção á sua cidade, ansioso por contar a todos as riquezas que possuía, mas algo estranho estava a acontecer: tudo tinha mudado, os que eram crianças quando os deixou eram agora anciãos que mal conheceu; as plantas pequenas nas margens das estradas eram agora árvores frondosas; os seus amigos tinham todos morrido e a sua família tinha se dispersado para outros lugares. Percebeu que este mundo não se lembrava mais dele.

Urashima estava sozinho e compreendeu que embora no abismo aquatico tivessem, apenas passado breves dias, no seu mundo tinham passado décadas. Perdido e desesperado para regressar para a única realidade que para ele, ainda, existia, foi para a praia para encontrar a tartaruga e regressar para junto da sua amada. Contudo a tartaruga demorava, então Urashima, naufragado na desesperança e sem entendimento, partiu a arca proibida e lá dentro viu um cadáver de um velho pescador. Morreu de velho em poucos minutos.

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